terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Um Anjo.

Quando eu nasci , ela me deu meu primeiro banho. Me cuidava quando criança, ria das minhas travessuras, apoiava minha mãe.
Quando meu corpo começou a mudar, ela foi a primeira a perceber e a me dizer que eu estava ficando "mocinha".
Quando as coisas ficaram complicadas e ninguém em entendia, em meio a gritos e brigas, enquanto eu chorava quieta no meu quarto, ela foi la, me fez um cafuné, e disse que as coisas eram assim mesmo, todo mundo passava por aquilo e tudo ia ficar bem.
Quando eu era só uma criança, que gostava de falar de política e não sabia muito bem o que dizia, vejam só, com meus nove aninhos de idade, eu achava que o Serra deveria ser presidente , pois ele parecia ser boa pessoa e tinha feito os genéricos. Ela , sempre fazendo seu croché, parou calmamente e me explicou , que o Lula tinha que ganhar, pois era a hora de um trabalhador ser presidente. Lembro disso como ontem. Lembro também que ela dizia que o Getúlio foi o melhor presidente do país, pois cuidava dos trabalhadores.
Quando eu passei na faculdade, ela ficou super contente, disse que sabia, por me conhecer desde pequenininha, que eu ia ser advogada.
O tempo passou, e o dia a dia me impedia de estar sempre ao lado dela, na verdade, nos últimos anos raros eram os momentos juntas, mais ela estava sempre no meu pensamento.
Nesse Natal, ela disse que eu estava muito bonita. Ela me sorriu, e disse que tudo que queria era sáude. Eu nunca vou esquecer a forma como me olhou, olhar bondoso, humilde, simples, de quem só quer viver mais um pouquinho.
A vida levou ela pra descansar, mais as saudades e lembranças são eternas e boas.


Para minha bisavó, Léa Bengochea de Oliveira.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Ensaio Sobre a Cegueira.


O filme consegue transparecer todo o sentimental e crítico de José Saramago. É sobre sentir, sobre pensar. O mundo fica mais perceptível quando não enchergamos aquilo que ele se tornou, quando fechamos os olhos para esse cotidiano e passamos a sentir os pequenos detalhes, quando passamos a ter que encarar a deficiência humana e superá-la, quando temos que auxiliar aquele que está ao nosso lado, abrir mão de si mesmo pelo outro. E após reabrirmos os olhos a esse cotidiano de hoje em dia, vemos como tudo era melhor quando estávamos com eles fechados.
Já faz um tempo que assisti o filme, mais hoje ele se encaixou perfeitamente no meu dia.

Fica a dica, de livro e de filme.
E a atuação de Alice Braga é ótima.

Sensibilidade.

Vermelho à moda Almódovar,
ele voava de folha em folha em busca de algo,
e enquanto ele se perdia em sua busca,
eu me encontrava em mim mesma.


Sobre um passarinho Sangue de Boi que sensibilizou o meu dia.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Seria mais fácil, mais não melhor.

Esses dias estava escutando uma música do Engenheiros que me faz pensar muitas coisas. A música fala que seria muito mais fácil fazer como todo mundo faz. Fico pensando nisso.
A percepção é como uma força magnética que te direciona por um caminho não te deixando voltar atrá e nem se desviar. No momento que nos damos conta criticamente dos problemas da sociedade, que percebemos que não há uma única verdade concreta para tudo e sim diversas verdade complexas e diferentes, no momento que percebemos que a notícia que nos passam na Globo e na Veja são manipuladas para interesses sórdidos e que assistir um filme do Almódovar é muito melhor que Americam Pie estamos em um caminho sem volta.
Após entrar no movimento estudantil você não conseguirá mais voltar atrás e ser um simples estudante que vai à universidade e estuda.
Também não conseguirá voltar a assistir filmes de Hollywood quando perceber que essas grandes produções visam em sua maioria o lucro e não a arte.
Não conseguirá não se interessar por política após mergulhar nela.
Comer carne será algo totalmente desagradável quando se começar a pensar na origem do que se come, no porque se come, e tudo que está pro trá disso .
Ser crítico é um caminho sem volta. É uma outra frequência, uma frequência muitas vezes irritante, como um som estridente. Mais é intensa, magnética.
Sim, seria mais fácil fazer como todo mundo faz. Mais eu gosto do difícil, do desafio.

Cotidiano

Ando com um certo cansaço.
Cansada das provas,
cansada dos compromissos,
dos problemas que parecem nunca se resolver,
das pessoas,
da falta de alguém,
simplesmente cansada.
Mais, se não tivesse as provas, os compromissos, os problemas que sugerem que faço parte de algo, as pessoas, também estaria cansada.
Cansada da falta de perspecitiva, da falta de ideologia, de objetivos, da solidão. Da falta de vida.
Prefiro estar cansada de forma construtiva. No fim deve valer apena. Espero.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Um dia de Alice.

Acredito que todos conhecem a história de Alice no País nas Maravilhas. É um conto que devido à Disney ganhou caracteres infantis, mais que tem muito de filosofia em si. Um desses pontos filosófico, é que a Alice nunca se sente pertecente a lugar nenhum, todos os lugares para ela são estranhos, ou, ela é estranha a esses lugares, não há segurança em momento algum.
Hoje, eu me senti assim o dia todo. Há muito tempo não ficava assim.
O dia começou mal, não pude comparecer em um compromisso que era de extrema importância. Já me senti deslocada dentro do meu próprio mundo.
Uma parte da tarde normal, com alguns colegas, amigos, estudando rindo. Me senti super feliz, leve, foi come se o impecilio acima citado não tivesse ocorrido.
Decidimos ir ao Rosa. Chegando lá, foi como entrar na toca do coelho. ( quem conhece o conto me entendeu)
O lugar estava repleto de seres estranhos, pessoas que eu nunca vi, e que , na minha cabeça, me olhavam....
No mesmo dia, parece que todas as pessoas que não gostam de mim por algum motivo e torcem para que eu caia estavam lá, juntas, reunidas , querendo a minha cabeça. "Corteeem a cabeeça!"
Eu não conseguia jogar sinuca decentemente, na verdade, quando comecei a observar o mundo na minha volta, não consegui fazer mais nada decentemente.
Me senti Alice, em um mundo completamente estranho, minhas amigas tinham ido embora, e eu estava ali, perdida.
Derrepente, encontrei alguns amigos, conheci uma pessoa que me ofereceu um copo de cerveja e conversou comigo, não usa um chapéu, mais era como um chapeleiro louco no meio daquilo tudo.
Quantas vezes não me sentimos Alices em mundo estranhos? Mais sempre existe algo para nos acordar desse sonho estranho, o beliscão que nos traz de volta para nosso mundo.
Hoje , percebi que meu beliscão são meus amigos, minha família, todas as pessoas que contribuem para que eu me sinta alguém, me sinta parte de algo. Descubra eu mesma.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

O Herói.

O menino assistia seus desenhos de super heróis e sonhava em um dia usar uma capa e poder voar para salvar as pessoas. Seus amigos riam e diziam que ele era tolo. Como ele, um menino, poderia ser um herói um dia? Heroismo era coisa de televisão, coisa que meninos que brincavam de bolinha de gude na rua nunca seriam. O menino continuava sonhando e sendo motivo de risos. Um dia ele cresceu. E o jovem que se tornou manteve o sonho de ser herói. Trocou a bolinha de gude pelos livros. Vez ou outra encontrava alguém que ria dele. Como um jovenzinho do suburbio poderia ser um herói? Heróis não existem mais, sao coisas da imaginação de crianças bobas. Mais ele continuou sonhando. Se formou na faculdade e um dia vestiu a tão sonhada capa. Não era uma capa vermelha como via nos desenhos de antigamente e nem o possibilitava voar. Mais era um jaleco branco. Quando ele vestia o jaleco salvava várias vidas por dia. Ele era um médico. Ele era um herói.

O herói que queremos ser vive dentro de nós. Muitos vão rir por acreditarmos que podemos ser algo. Muitos dirão que sua admiração por seus exemplos de heróis e heroinas é pura inveja, idiotice, falta de personalidade. Mais você sabe o que é, e sabe o que quer ser. Basta correr atrás.
No mundo real não precisamos de meteoros e aranhas geneticamente modificadas para nos tornar-mos heróis com super poderes. Basta que acreditemos.

Namastê.

domingo, 28 de novembro de 2010

Lá na cidade Maravilhosa.....

Estava acompanhando as notícias e opiniões sobre a ação conjunta entre policiais e forças militares nas favelas do Rio de Janeiro.
Acredito que a ação policial seja necessária sim, mais não creio que seja a solução. Existem diversos aspectos do crime organizado e do tráfico de drogas que precisam ser analisados.

- A histórica omissão do Estado como garantidor da vida e da liberdade das famílias moradoras do morro. Estado presente significa garantia de educação, cultura, esporte, sáude, segurança. Não invasão policial.

-Os aspectos específicos do crime organizado. Cada grupo possui sua própria "jurisdição", "religião" regras sociais além do Estado e diferentes umas das outras. Nenhuma ação que eu tenha visto até hoje buscou conhecer e estudar esses aspectos subjetivos de tais grupos.

- A problemática do tráfico de drogas exterioriza-se nas comunidades mais pobres, onde a violência surje como resultado de tal problema. Isso por que em tais grupos hiposuficientes a violência é a única "arma" que possuem. A base do tráfico de drogas é mais em baixo. Antes do traficante existe um mandatário, que tem com arma grandes riquezas, que não aparece e nem é procurado.

- A corrupção de nossos policiais, que me levam a pensar que o grande problema não é só o despreparo ou condições de trabalho e sim o porque de estarem ali. Muitos são os policiais concurseiros, que não estão em seus serviços por ideais de heroismo ou bem à sociedade e sim pelo dinheiro, isso , torna qualquer um corruptível.

Analisando bem, a base desses problemas é em sua maioria fruto da política economica capitalista, uma política excludente que associada a outras formas de dominação que se concentram desde as bases de nosso direito penal até a ação midiática, faz com que haja um verdadeiro fascismo social, para usar a expressão de Boaventura de Souza Santos.

Como diria o sambista: "O morro não tem vez... mais olhem bem vocês, quando derem vez ao morro, toda a cidade vai cantar!"

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

DARB 2011.

Hoje aconteceram as eleições para o Diretório Acadêmico Ruy Barbosa, o diretório do meu curso.
Concorri pela chapa Voz & Ação. Um grupo muito legal que se formou com o intuito de sacudir as estruturas do direito, combater a inércia política do nosso curso.
Concorri como candidata a coordenadora geral,vice-presidente na nominata por questões estatutárias, porém trabalharemos como coordenações. Conquistamos 148 votos positivos e somente 9 negativos, isso após termos tido apenas dois dias de campanha, com muitas dificuldades ( boa parte dos alunos não estava tendo aula nesses dias) .
Foi uma grande conquista e confesso ques estou muito empolgada e ao mesmo tempo sinto uma grande responsabilidade em minhas mãos.
A responsabilidade de cabecear uma grande gestão, de valorizar os votos de confiança e esperança que foram depositados, colegas que ainda acreditam que o movimento estudantil é importante.
Mais ainda, o dever nas mãos e a cobrança própria de mostrar para os estudantes que não votaram o quanto o diretório acadêmico é primordial.
Quanto aos 9 que disseram não, fico feliz, pois eles manifestarm uma opinião claramente, opinião que espero possa ser mudada durante a gestão.
Enfim, essa noite tive concretizado um sonho, um, dentre tantos, e junto com ele vieram todas as responsabilidades, que buscarei cumprir com muito prazer.
Lembrei hoje da guria apaixonada que entrou na FURG ano passado nos últimos segundos do 2º tempo, desacreditada por muitas pessoas que não esperavam que ela fosse capaz de acompanhar o ritmo do curso, admirada com tudo que a universidade oferecia, sentindo-se vencedora por ter sido acolhida naquele espaço.
Hoje, ela está ajudando a construir sua universidade, sua faculdade. Está sendo uma das protagonistas de um PROJETO, de uma IDÉIA : Um movimento estudantil fortalecido, uma faculdade melhor !
Que esse PROJETO continue sendo vencedor, um projeto que não é só meu mais de milhares de estudantes.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Superação

E ela viu que tinha capacidade de pegar todas as pedras que encontrava em seu caminho e jogava-as no rio observando que a correnteza as levava para longe e que talvez ela nunca mais veria tais minérios. Surpresa grande foi quando percebeu que as pedras jogadas não voltariam, mais em contrapartida novas surgiam e seu caminho nunca estava limpo,Mesmo assim, continuava caminhando e jogando as pedras na correnteza do superado, já havia aprendido como fazer.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Algo tão meu

Já que não sei rimar
eu fico aqui sozinha
bem quietinha
buscando o verbo amar.

Conjugando o verbo amar
já não quero estar sozinha
fico bem quietinha
rimando o verbo esperar.

E de tanto esperar
logo não estarei sozinha
assim continuo aqui quietinha
esperando o amor me rimar.


Dany Gautério.

domingo, 21 de novembro de 2010

Poeminha do Contra

E todos esses que ai estão
Atravancando meu caminho
Eles passarão
Eu passarinho.


Mário Quintana

=)

Simplesmente seguir o próprio tom, o próprio ritmo...

Ultimamente tenho pensado muito sobre o meu futuro, sobre o andar das coisas. Será que estou no lugar certo? Tomando as decisões certas? Fico me perguntando que imagem minha estou passando para os outros, fico me perguntando se não deveria ter feito melhor, se, se, se . Para completar, sempre aparecem aquelas pessoas que estão ali, tão próximas a te criticar, e tu fica com aquela sensação de que deveria provar algo a essas pessoas, que deveria correr mais só para mostrar um algo, e sair do tom.
Parece besteira, mais isso realmente atormenta não só a minha mente, mais acho que a de todos. Será que é tão dificil assim simplesmente viver? Ao que me parece, quanto mais tentamos arquitetar nosso futuro pior é, dai me pergunto: por que não deixar simplesmente acontecer? Como naquela propaganda de whisky em que tudo que devemos fazer é manter a cabeça erguida e os pés no chão e "Keep Walking" ....
É isso, seguir caminhando, no próprio tom, no próprio ritmo, afinal, são nossas atitudes em um ritmo próprio, sem querer forçar o próprio tempo natural das coisas, que define o que somos, define o que nos tornamos melhor dizendo.
O tempo nos dá todas as oportunidades de provar o que queremos, desde que realmente o queiramos.
Com os pés no chão e caminhando num mesmo tom, no próprio ritmo conquistamos aqueles espaços que tanto desejamos, realizamos enfim os sonhos que tanto almejamos.
Esse próprio ritmo é marcado por nossos momento só nossos, pelos infortúnios emocionais, pelas pedras que jogam no nosso caminho e nos fazem desacelerar, pela vontade de parar que aparece quando tudo está difícil, mais, como já disse, é só seguir caminhando por que um determinado tempo esse ritmo será contínuo, até chegarmos no alvo e iniciarmos uma nova caminhada.

Mais é tão difícil.....


domingo, 7 de novembro de 2010

Por que crescer não é deixar de sonhar.....

Quando pequena sempre fui uma criança muito quieta, considerada até tristonha por alguns, a realidade é que desde pequena sempre vivi um mundo só meu, me afastava constantemente desse mundo real pra pensar em algo que somente eu tinha contato, meus sonhos, minhas pequenas avaliações de tudo que estava na minha volta, e eu ria, ria muito, um riso gostoso de criança, quando a realidade chegava perto daquilo que eu considerava só sonho.
Cresci, e com isso não me contentei em somente sonhar, comecei a dividir aquele mundinho meu com todos à minha volta, e também passei a ser considerada bobinha, tola, por que, é incrivel, mais quando criança todos sonhamos mais com o tempo algumas pessoas vão perdendo esse lado gostoso da infância e da juventude, o lado de acreditar que tudo é possível e se não é um dia poderá ser, o pior, é que essas pessoas por já não acreditarem se revoltam ao ver que outras ainda acreditam.
Ultimamente tenho percebido que essas pessoas, além de não conseguirem representar nada realmente significativo, tem feito eu me sentir fraca diante de tudo que almejo, diante de tudo que acredito. Decidi que já não posso deixar isso acontecer, não posso me tornar alguém assim.
Por isso, a partir de hoje e sempre, não vou mais me sentir reprimida em falar que sonho com umas sociedade justa e igualitária, que sonho com uma juventude participativa, que sonho com a igualdade de gênero, que sonho em um dia poder ocupar um lugar ativo de luta e mudança social, que sonho , que sonho, que sonho.
E mais do que isso, que luto, e não sou besta por isso. Pior é ficar parada e achar que mais nada tem solução.
Como diria Mario Quintana: Não é por que as coisas são impossíveis que devemos deixar de desejá-las, que triste seriam os caminhos, se não fosse o brilho distante das estrelas.
Então, os meus sonhos, o teus sonhos, nossos sonhos podem estar distantes, mais nossas vidas se tornariam tristes sem eles, eles é que nos motivam a cada caminhada.

E pra completar com Milton Nascimento:

"... eu não POSSO, não QUERO, não DEVO viver como toda essa gente insiste em viver, e não vou aceitar sossegado qualquer sacanagem ser coisa normal...."



quinta-feira, 4 de novembro de 2010

A menina.

E derrepente ela acordou e viu que não era mais a mesma.
Quem era ela afinal?
O resultado de suas escolhas, pensou.