segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Política e Corrupção.

Recentemente no Brasil se levantou uma "forte" onda de "Fora Corrupção" "Político não tem que ganhar salário" etc...
Bom, para deixar claro acho a corrupção absurda e também acho absurdo qualquer penhasco entre salários.
Precisamos entender primeiramente que vivemos em uma sociedade capitalista onde até o ser humanos é descrito em números, onde o ser deu lugar ao ter. Essa lógica nos consome. Fora dessa lógica, em outro modelo de sociedade trabalho não seria meio para alcançar bens e sim meio de contribuir para a comunidade e para o país em que se vive, e assim como o trabalho civil a política de maneira alguma serviria para o enriquecimento.
Voltando à realidade, vivemos em uma sociedade capitalista. Você trabalha por que quer ter vida não simplesmente boa, mas quer comprar tudo que puder. Dentro dessa lógica vou tentar analisar alguns pontos.
É interessante, para começar, que muitos dos que dizem que político só rouba dinheiro do povo em proveito próprio e não serve pra nada, escolhem um curso em uma universidade federal pensando no número de concursos públicos que poderá fazer com esse curso. A criatura escolhe por exemplo um curso de Direito pra garantir SUA vida boa e não para proporcionar o acesso à justiça a todos, não para contribuir com a sociedade, mas sim para conseguir entrar em qualquer concurso em cargo Público e contribuir para o fracasso do funcionalismo público que é composto de mais N pessoas que só participam dele não pensando em como podem desempenhar sua tarefa de modo a contribuir com a sociedade mas sim na estabilidade que o cargo dá. Ele primeiramente usou dinheiro público para se formar em uma universidade federal, recebe dinheiro público em seu salário e em nada contribui, e nunca pensou em contribuir, com algo que não seja individual.Qual a diferença entre esse cara e o político que nada faz? Ao meu ver, no fundo, não há grandes diferenças.
As pessoas olham o Neymar recebendo seus milhões por mês para jogar bola e tudo que conseguem pensar normalmente é: que sortudo, quem me dera ta no lugar dele. Pera ai, o cara joga bola! O esporte é importantíssimo para o país mas duvido muito que se o Santos não pagasse tanto ele não teria ido embora. Ele não é criticado pois na nossa sociedade "cada um faz o seu" e ele ta fazendo o dele. Mas, o político que tem a vida do povo nas mãos é criticado por ganhar o que ganha. Sim é absurdo. Ao meu ver, como já disse anteriormente, qualquer disparidade salarial é absurda. O que me incomoda é que um jogador de futebol, um banqueiro, um empresário, um prático da barra, essa gente toda não seja visada, que o sistema em si não seja visado mas a política seja.
É por causa da boa política que temos as coisas boas no nosso dia-a-dia. Sem política não há mercado, não há indústria, não há energia, tudo é regido por política e se tu, que queres o bem, viras as costas pra ela, ela vira as costas pro povo.
Antes de reclamares tanto assim da política e de como ela está, pensa bem no que tens feito. Te informa pois o que tem de grupos querendo que tu vires as costas pra política tem de interesses antagônicos ao interesse do povo. Participa, opina, exerce tua democracia para além do voto.
Além disso, ao invés de continuar contribuindo para toda essa "inversão de valores" presente nos nossos dias, tome uma nova atitude e começa a contribuir para a sociedade mudar, contribui para que um novo modelo surja, um modelo baseado não no consumo, não no capital mas sim no ser.
Tenho certeza que muitos vão ler isso e ainda vão pensar:
"Essa guria é outra que daqui a pouco vai ta roubando" "Que mudar o que, tenho é que cuidar de mim" "Perdi meu tempo lendo isso" , para esses eu apenas digo: se pensas assim, só contribuis para que as coisas continuem como estão.

domingo, 25 de dezembro de 2011

II Conferência Nacional de Juventude

Com um pouco de atraso, relato aqui alguns pontos sobre a II Conferência Nacional de Juventude, da qual participei sendo a única delegada representando a cidade de Rio Grande.
Primeiramente vale explicar o espírito das Conferências Nacionais: São espaços proporcionados pelo governo federal para a verdadeira efetivação da democracia, isso é, para que de fato a população participe diretamente da elaboração de políticas públicas para seus digamos setores.
No caso da conferência de Juventude, organizada pela Secretaria Nacional de Juventude em conjunto com o CONJUVE (Conselho Nacional de Juventude, formado por membros da sociedade civil e governo), jovens de todo país, incluindo comunidades e povos tradicionais (como indígenas e quilombolas) se reuniram para elabora propostas e destacar prioridades que devem ser atendidas pelo governo.
Na pauta a educação, trabalho, espaço, cultura, experimentação, saúde, esporte, enfim, todas as áreas que atingem diretamente o dia a dia e influenciam em nossas vidas.
Não cabe aqui citar ponto a ponto os resultados da conferência, mas os mesmos podem ser encontrados no site da mesma: http://www.juventude.gov.br/conferencia/2a-conferencia-nacional-de-juventude
Vale destacar o grito unânime dos jovens por 50% do Pré-Sal para educação e 10% do PIB, o grito pela meia entrada para estudantes, por ampliação do projeto Pontos de Cultura, Segundo Tempo e Bolsa Esporte, pela descriminalização e legalização do Aborto, pelo Plano Nacional de Banda Larga e praças da juventude e é claro, pela aprovação do Estatuto da Juventude.
Ressalto aqui a aprovação da moção de apoio ao movimento vitorioso e combativo da UNE e UBES: Ocupe Brasilia.
Como militante da UJS, destaco aqui a significativa participação dessa entidade que através de seus jovens chegou não apenas com bandeira e gritos mas com propostas concretas, com prioridades políticas, com centralidade, que fez a diferença em uma conferência onde outras forças partiram unicamente para o grito.
Claro que foi a unidade que construiu a novidade, mas, essa unidade se dá graças a UJS que mais uma vez acertou em sua política.
Não cabe agora parar. A conferência é propositiva mas deve-se ter em vista que o que o povo unido e organizado propõem é ordem e não opção!
Cada deputado, ministro, secretário, vereador, enfim, membros de todas as esferas de poder público devem ter acesso as documentos aprovados nas conferências municipais, estaduais e nacionais e devem ser cobrados.
Cabe agora construir o que se discutiu, por que o grito só não basta!

Beijos e grande luta camaradas!

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Tem que ter...

E se a gente remexer aqui e ali? E a gente der uma apertadinha? Fazer dar certo? Tem que ter um jeito de tirar um coelho da cartola, pintar, repintar. Tem que ter um jeito de ainda ser feliz.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Mochila nas Costas.

Quando ela bota a mochila nas costas para viajar o mundo muda.
O namorado pensa: La vai minha menina, prefiro não pensar no que ela fará no fim do dia, após toda aquela "baderna" que ela tanto gosta.
A mãe pensa: Aii, essa menina só me da preocupação. Pede insistentemente mil ligações, manda pegar o casaco, o shampoo, e insiste em dar mais dinheiro mesmo quando esse dinheiro deveria ser guardado para outras coisas, mas, vai saber, tem que estar precavido.
O pai pensa: Olha onde minha filha chegou, já conhece mais lugares do que eu.
A irmã pensa: Vou ficar "alone", minha melhor amiga vai viajar.
A avó pensa: Valeu a pena pagar aquele cursinho pré-vestibular, olha quanta porta essa universidade abriu pra essa guria... Ela vai longe, ela vai longe!

A menina ao partir manda mensagens de "Eu te amo" para todos esses. Os que importam. Pede que Deus os cuide.
Ela? Ela se vira. Com sua mochila vai para mais uma experiência. Mais uma luta. Ela quer mudar o mundo, ela tem coisas a dizer, ela não se conforma. E não importa quantos quilômetros tenha que andar, ela sabe que não existem distâncias grandes quando os sonhos são maiores ainda.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

"Ela" (2)

Com a cerveja encostada na coxa ela pensa na dualidade da sua vida.
Parte dela é de amélia. Quer casar, quer ser mulher de um homem só, passar trabalho, lavar, limpar e cozinhar, quer só saber de amar como toda mulher de sambista malandro...
Parte dela ama a vida pequeno burguesa que leva. Ama poder se jogar na poesia sem com nada se preocupar, ama ser a menina do papai e sonhar a revolução...
Essa mulher que tem parte que chora e parte que ri.
Parte que sonha e parte que desiste.
Essa mulher que já nem sabe quem é, que ta se metamorfoseando sem nem ter estado em um casulo, essa mulher é digna das cores de Almódovar, das palavras do Caio Fernando Abreu, das rimas do poetinha.
Ela que ainda não era Amélia, mas sabia ser mulher de verdade.

"Ela"

Ela perguntou se o fazia feliz e ele respondeu da maneira mais evasiva possível. Ele não falava de sentimentos, ele não era desses, se ele tava com ela é por que era bom e ponto. Sempre foi assim. Ele também não fazia planos, não fumava, não bebia, não ouvia tango ou amava Chico, ele não era idealista ou humanista... eram ying e yang.
Ela desistiu dele. Pegou o ônibus de volta pra casa e começou a ouvir Gardel.
Comprou cevejas e cigarros, olhou a vista da janela, fumou e bebeu, ouviu Chico e Gal, Piazzola e Gardel, leu Simone, Caio e Bukowski. Ela tentou se encontrar, tentou se amar se destruindo.
Antes de tudo, porém, ela ligou só para dar boa noite.
(Ela não poderia se encontrar sem ouvir a voz dele)