quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

"Ela" (2)

Com a cerveja encostada na coxa ela pensa na dualidade da sua vida.
Parte dela é de amélia. Quer casar, quer ser mulher de um homem só, passar trabalho, lavar, limpar e cozinhar, quer só saber de amar como toda mulher de sambista malandro...
Parte dela ama a vida pequeno burguesa que leva. Ama poder se jogar na poesia sem com nada se preocupar, ama ser a menina do papai e sonhar a revolução...
Essa mulher que tem parte que chora e parte que ri.
Parte que sonha e parte que desiste.
Essa mulher que já nem sabe quem é, que ta se metamorfoseando sem nem ter estado em um casulo, essa mulher é digna das cores de Almódovar, das palavras do Caio Fernando Abreu, das rimas do poetinha.
Ela que ainda não era Amélia, mas sabia ser mulher de verdade.

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