domingo, 27 de novembro de 2011

Bipolaridades (3)

Em uma noite ela achou a solução do problema: vou abraçar o que(m) eu quero e esquecer do mundo...
Decisão que não cabia somente a ela, mas, naquele momento o mundo era dela...
Passam-se os dias e o mundo que a ela pertencia se torna um espaço em que ela é intrusa...
A luta, os sonhos, as responsabilidades... tudo se torna vestigial....
Só resta a solidão e um bocado de sentimentos ruins, que não tem muito a ver com ela e que ela tenta ignorar...
Mas, não se preocupe... logo logo ela pega o mundo de novo, pra depois perder... até que o Lithium faça algum efeito....

Bipolaridades (2)

Ela chorava,
ele perguntava - por que? -
Ela não sabia responder,
Não que não soubesse o que sentia,
mas simplesmente não sabia como explicar para a razão personificada,
aquilo que só o coração entende.

Bipolaridades (1)

Agora já não sei o que escrever.
E ja nem sei se consigo,
Uma lágrima escorreu no meu rosto e me lembrou: O que tu sente não se representa em palavras: é cheiro, contato e pele. É lembrança, medo e expectativa. Coisa muito difícil de explicar, e que ninguém quer saber.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Saudosismo (1) Vila Maria

Sempre que olho da janela do ônibus da FURG o lugar onde vivi os melhores anos da minha infância, toda nostalgia possível toma conta de mim e me torno mais saudosista do que o comum.
Lembro do Thiago e do "Teteu" pequenos. Das tardes de megadrive e um tempo depois supernintendo. Dos bonequinhos dos power rangers, hércules, xena e cavaleiros do zodíaco. Do balanço de corda na oficina do tio e do cheiro de tinta de carro. Da única vez que brigamos e do castigo dado pela minha tia. Do caminho de terra entre a minha casa e a casa dos meus tios, e de quantas vezes eu ia com os dedinhos entrelaçados esse caminho todo torcendo para que os guris estivessem em casa ou que a piscina de Mil Litros estivesse armada no verão.
Época boa de ser criança. Lembro do "coléginho" Dr. Anselo Dias Lopes, da tia Rose no jardim, da tia Teresa na segunda série. Lembro da Letícia Alvarenga, minha melhor amiga e dos outros coleguinhas de classe, como o André que hoje namora a Fernanda, e o Pedro que era o "meu menininho"
A Simone de Beauvouir diz em sua auto-biografia "Balanço Final" que a infância é o período mais importante para a formação do sujeito. A infância que tens não é determinista sobre o que serás, como nada na verdade é, mas, de todos os períodos de formação do indivíduo é o mais importante, onde mais transformações e descobertas ocorrem. Para se compreender como sujeito é imprescindível remontar a esse período de nossas vidas.
Agradeço à minha infância, ela foi boa. Muito boa.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Gramaticalmente Afetivo.

Quero que entendas que sou assim. Não consigo entender pontos finais. Algo de tormentoso me diz que devo levar tudo às últimas consequências, devo esgotar histórias até que não restem vírgulas, devo botar os pontos nos "is", dar um aposto a tudo, usar somente verbos transitivos. Essa é a minha gramática. Sempre deu certo em alguns aspectos. Sempre fui a melhor da classe, sempre corri atrás para conservar minhas amizades, nunca deixei para trás um pedido de desculpas, não me atrasei, não faltei a compromissos, não desisti de projetos. Me tornei isso que chamam de garota prodígio.
Por outro lado não posso dizer que meu coração se beneficia de todo esse gramaticalismo meticuloso. Nunca gostei de histórias mal contadas, sempre levei tudo a murro de faca. Ao mesmo tempo, sempre voltei atrás para não ter que deixar histórias de amor virguladas. Se ao resto não me cabe pausas, quem dirá ao amor. Encontrar alguém, se envolver de verdade, confiar, isso tudo é bem difícil, quando se consegue, não creio que se deva jogar fora, e sim, lutar até o fim para que de certo. Ou até que se prove que não tem como dar certo. Nunca deixar no talvez.
Porém, no meio disso tudo, a vida tem me ensinado que é difícil dar ponto final a tudo somente no momento que queremos. Temos que aprender a lidar com as incertezas, com os talvez, com infortúnios.
Como agora, que sinto que nos perdemos. Sinto que ta na hora do ponto quando não quero dar o ponto, quando muito menos quero deixar vírgulas...
Quero saber o quanto me enganei, onde errei, onde tu errou, como erramos, em que ponto perdemos o caminho, quero todos os pontos nos "is" para não ter que pensar "como teria sido" , para seguir minha vida sem olhar pra trás com dor, arrependimentos, incertezas quanto ao passado que não me permitirão olhar as incertezas do futuro.
Nesse meu anseio investigativo gramatical to me perdendo cada vez mais de ti, to confundindo pra esclarecer, to me perdendo de mim. Gostaria de conseguir aceitar a vírgula, me machucaria menos e cansaria menos do que esse esforço por achar o ponto final.
Mas, entenda. São só regras da minha gramática que começam a aparecer quando os períodos, as orações e os parágrafos vão se desenhando. Sou a mesma, aquela que conheces. Porém, mais complexa, como tudo aquilo com que criamos intimidade.
Só te peço, não deixa uma vírgula entre a gente. Vamos achar o nosso ponto. E que seja bom.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Hino ao Brasil

Esse fim de semana foi marcado por muita luta e mobilização. Participei da II Conferência Estadual de Juventude e da Conferência Estadual do PCdoB. Muito para falar das duas atividades, mas, vou focar em um só momento.
Dante Barone com cerca de mil militantes comunistas, lotado, juventude em pé com bandeiras em mãos.
À minha frente, na mesa, todos aqueles que considero heróis. Renato Rabelo, Assis Melo, Manuela D´ávila, Adalberto Frasson, Raul Carrion.... dentre outros... a Cora anuncia, vamos ouvir o Hino Nacional.
O hino começa, e um pensamento me vem à cebeça.
Bom, antes de continuar detalhando o momento, tenho que explicar que esse papo de ficar retinho, ouvir o hino e não bater palma por reverência e bla bla bla, nunca me contentou. Sempre cantei o hino, mesmo que me olhassem de forma estranha...
Voltando, um pensamento me surgiu: Sei que aqui todos cantarão.... e sei que todos baterão palma...
Todos cantaram... as vozes comunistas eram mais altas do que o próprio hino. No momento lacrimejei. Foi um daqueles momentos em que tu pensa: esse é meu lugar, essa é minha gente. Sentimento de pertencimento, de nacionalismo. Amor!
Titi olha pra mim e pro resto da piazada e faz o gesto: batam palma...
Agora a militância cantava e ainda ritmava o hino com as palmas, minha deputada lá de cima olhava e sorria, não sei o que a Manu pensava, mas, na hora me pareceu que o sentimento era o mesmo que o meu....
Na hora em que se canta "verás que um filho teu não foge à luta" as vozes ecoaram mais alto e os punhos se ergueram. "Nem teme quem te adora a própria morte..."
O hino finalizou, palmas, muitas palmas... a juventude cantava: "Eu sou brasileiro, com muito orgulho com muito amor"......
Pensei novamente: isso é ser comunista, é amar o Brasil....
Em nenhum outro lugar me senti tão brasileira, em nenhuma outra gente vi o que vi lá....Em seguida, a Manu fala mais ou menos assim:
"Por que só a ordem e o progresso não nos serve, amamos o Brasil, e por isso cantamos o hino, e por isso batemos palmas"




quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Acróstico.

Se com poucas letras
Ousasse descrever
Cada singularidade
Individualidades
Erros
Desencontros
Acertos
Dos seres humanos
Escreveria em forma de acróstico.