quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Rio Grande, até quando esperar?

"...com tanta riqueza por ai onde é que está? cadê nossa fração?"

Desde que o polo naval ressurgiu em nosso país através da política de soberania nacional do governo Lula, Rio Grande tem vivido um grande crescimento, além disso, temos o 2º maior porto brasileiro em termos de cargas.
São muitos os investimentos que a cidade vem atraindo como a construção de dois shoopings centers, uma filial da subway e outra da Mc. Donalds. Sem falar de todo crescimento advindo da Universidade Federal do Rio Grande, como o Oceanário Brasil que fará de nossa cidade um polo ainda maior na área oceanográfica e turística.
Rio Grande é a cidade do tinha, do já foi, do teve...

Rio Grande teve o primeiro clube de futebol do país!
Hoje não temos nenhum grande destaque nem no futebol gaúcho, falta incentivo aos nossos clubes.
Rio Grande teve a primeira biblioteca pública do Estado!
Hoje está completamente jogada, sem nenhuma política de valorização.
Rio Grande teve a primeira banda marcial do país!
Hoje as bandas que temos reclamam da falta de apoio.
Rio Grande tem a maior praia do mundo e o balneário mais antigo do Estado!
Hoje, o Cassino está completamente abandonado no inverno, negocia-se a doação de áreas para empresas privadas na câmara de vereadores, nossa praia é tomada por uma lama que "ninguém consegue explicar" e não recebemos nenhum investimento turístico, como por exemplo um parque aquático. Sem falar que os moradores vivem o constante terror de ter suas casas assaltadas.
Rio Grande possuía ao menos 7 salas de cinema e teatros...
Hoje, nosso teatro municipal, o único, raramente recebe uma peça teatral. Hoje, só temos duas salas de cinema.
Nossa cidade não tem um plano de mobilidade urbana eficaz. Uma única empresa domina o serviço, a passagem é uma das mais caras do estado, rótulas são 'pensadas" e construídas em qualquer lugar, só há uma rota de entrada e saída e essa rota fica engarrafada. (Des) integração de linhas recebe o nome de integração tarifária, e muitas pessoas tem morrido atropeladas na RS-734 e a solução que se acha não são passarelas e sim mais rótulas e faixas de pedestres em uma via de trânsito intenso. Ah, aqui estudante deixa de ser estudantes à partir da meia noite, nos domingos, feriados e nas férias, pois perdemos nosso direito ao meio passe nesses períodos.
Aqui, hospital só existe no centro da cidade. A zona oeste da cidade é completamente abandonada nesse sentido (e em outros também). Somos a última cidade do ranking gaúcho em termos de investimento em saúde.
Apenas dois bairros da nossa cidade são regularizados, os outros não. Planejamento urbano e regulação fundiária não são temas muito debatidos.
Mas, outros temas são. Por que Rio Grande é a cidade do "se fala".
Aqui se fala em cemitério pra cão, em árvore de Natal gigante, em homenagem à ditador militar...
Até quando vamos esperar? A riqueza ta ai, o crescimento ta ai, e o desenvolvimento não aparece.
Eu quero rio-grandino trabalhando no polo naval, mais ainda, quero jovens rio-grandinos trabalhando no polo naval. Eu quero ser estudante sempre. Quero mobilidade urbana. Saúde e condições de vida em todos os bairros. Quero que a riqueza fique aqui na cidade, com nossos trabalhadores, para que junto com eles os comerciários também cresçam. Quero políticas públicas para mulheres e para jovens.
Repeti várias vezes "Rio Grande" no texto. Mas é pra lembrar de nosso nome: Rio GRANDE. Amo essa cidade e quero ela grande de novo. Para todos. ;)



segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Pelo Direito à Verdade e à Memória.

Como publiquei em postagem anterior, estou lendo um livro do Luiz Manfredini intitulado "As Moças de Minas", uma história de jovens militantes durante a ditadura militar.
O livro retrata bem o que era fazer movimento estudantil naquela época, mostra bem o que era lutar por democracia em qualquer camada da sociedade.
Em certa parte do livro começam a ser relatados os socos, queimaduras e demais torturas que aquelas estudantes passavam.
Estou lendo esse livro. Também estou acompanhando os debates sobre a Comissão de Verdade que visa abrir os documentos escondidos da Ditadura Militar para que basicamente a história seja recontada. Em uma conversa com amigos que tive na ida ao CONUNE eles diziam que a Comissão de Verdade talvez não fosse assim tão necessária por que todo mundo já sabe o que aconteceu.
Esse é o ponto. Infelizmente grande parcela da população ainda não se deu conta do que foi o golpe militar. Não se deu conta das torturas e mortes, do fim da democracia, do prédio da UNE pegando fogo.
Somado a isso, aqueles que sabem exatamente o que aconteceu e inclusive se beneficiaram desse terror propuseram na câmara de vereadores de Rio Grande que um monumento à Golbery do Couto e Silva, um dos grande articuladores do regime militar, responsável pela perseguição àqueles que lutavam pela legalidade.
Pior ainda do que ser proposta, a ideia foi aprovada, sendo que só a bancada de esquerda presente na hora votou contrariamente.
Meus caros, em tempos de consolidação da nossa democracia, em tempos do povo brasileiro ter orgulho de assim o ser, em plena efervescência das discussões sobre a Comissão de Verdade, quando outro países da América Latina estão revendo sua lei de anistia....dentro de todo esse contexto, Rio Grande está prestes a erguer um monumento a um dos crápulas do período mais triste da história brasileira, não apenas pela ditadura em si, mas também por todo entreguismoa que fomos submetidos.
Alguns colegas da FURG vão me dizer que minha universidade é federalizada graças ao Golbery. Respondo primeiramente que em termos de vida política as boas ações não excluem as más, visto que uma vida politica deve ser por completo reta. Em segundo lugar, Golbery foi mentor do golpe que derrubou Jango, derrubou as reformas de base que estavam por acontecer. Graças à Golbery e seus comuns, mais de 70% das universidades do meu país são privadas e a reforma agrária ainda está distante com mais da metade das terras produtivas do meu país dedicadas ao agronegócio.
Não, não agradeço Golbery pela FURG, que só se salvou de ser privatizada graças ao governo de muitos que foram perseguidos durante a ditadura, não agradeço por asfaltamento de rua e nem pela água potável, visto que isso qualquer governante deveria ter feito.
Sim, grito contra a aberração desse monumento por honrar a luta e a memória daqueles que se sacrificaram para que hoje eu pudesse estar escrevendo nesse blog, indo às ruas, militando no PCdoB, votando em projetos.
Grito contra por que sou BRASILEIRA antes de Rio-Grandina e por amar meu país, amar a democracia!
Grito por que hoje em dia há o direito ao grito!