segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Pelo Direito à Verdade e à Memória.

Como publiquei em postagem anterior, estou lendo um livro do Luiz Manfredini intitulado "As Moças de Minas", uma história de jovens militantes durante a ditadura militar.
O livro retrata bem o que era fazer movimento estudantil naquela época, mostra bem o que era lutar por democracia em qualquer camada da sociedade.
Em certa parte do livro começam a ser relatados os socos, queimaduras e demais torturas que aquelas estudantes passavam.
Estou lendo esse livro. Também estou acompanhando os debates sobre a Comissão de Verdade que visa abrir os documentos escondidos da Ditadura Militar para que basicamente a história seja recontada. Em uma conversa com amigos que tive na ida ao CONUNE eles diziam que a Comissão de Verdade talvez não fosse assim tão necessária por que todo mundo já sabe o que aconteceu.
Esse é o ponto. Infelizmente grande parcela da população ainda não se deu conta do que foi o golpe militar. Não se deu conta das torturas e mortes, do fim da democracia, do prédio da UNE pegando fogo.
Somado a isso, aqueles que sabem exatamente o que aconteceu e inclusive se beneficiaram desse terror propuseram na câmara de vereadores de Rio Grande que um monumento à Golbery do Couto e Silva, um dos grande articuladores do regime militar, responsável pela perseguição àqueles que lutavam pela legalidade.
Pior ainda do que ser proposta, a ideia foi aprovada, sendo que só a bancada de esquerda presente na hora votou contrariamente.
Meus caros, em tempos de consolidação da nossa democracia, em tempos do povo brasileiro ter orgulho de assim o ser, em plena efervescência das discussões sobre a Comissão de Verdade, quando outro países da América Latina estão revendo sua lei de anistia....dentro de todo esse contexto, Rio Grande está prestes a erguer um monumento a um dos crápulas do período mais triste da história brasileira, não apenas pela ditadura em si, mas também por todo entreguismoa que fomos submetidos.
Alguns colegas da FURG vão me dizer que minha universidade é federalizada graças ao Golbery. Respondo primeiramente que em termos de vida política as boas ações não excluem as más, visto que uma vida politica deve ser por completo reta. Em segundo lugar, Golbery foi mentor do golpe que derrubou Jango, derrubou as reformas de base que estavam por acontecer. Graças à Golbery e seus comuns, mais de 70% das universidades do meu país são privadas e a reforma agrária ainda está distante com mais da metade das terras produtivas do meu país dedicadas ao agronegócio.
Não, não agradeço Golbery pela FURG, que só se salvou de ser privatizada graças ao governo de muitos que foram perseguidos durante a ditadura, não agradeço por asfaltamento de rua e nem pela água potável, visto que isso qualquer governante deveria ter feito.
Sim, grito contra a aberração desse monumento por honrar a luta e a memória daqueles que se sacrificaram para que hoje eu pudesse estar escrevendo nesse blog, indo às ruas, militando no PCdoB, votando em projetos.
Grito contra por que sou BRASILEIRA antes de Rio-Grandina e por amar meu país, amar a democracia!
Grito por que hoje em dia há o direito ao grito!

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