terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Carnaval

Quarta-feira de cinzas é o dia em que o ano começa definitivamente, isso por que é após o carnaval que a maior parte das férias acaba e as rotinas voltam ao normal.
Esse ano me atentei a observar o carnaval um pouquinho mais profundamente. Também li muitas opiniões facebook a dentro...
Primeiramente não dá de negar o caráter de festa popular, enraizada na cultura do povo, que o carnaval tem. Independentemente dos interesses capitalistas que estão por trás de grandes escolas de samba e também na folia da Bahia, quem faz a festa é o povo. São as comunidades dos morros e vilas que trabalham o ano inteiro nas fantasias, carros alegóricos, ensaios, compõem baterias, fazem a festa acontecer. São os blocos populares que fazem o carnaval de rua, simples artesãos que criam os bonecos de Olinda e músicos populares, até crianças, que tocam o frevo, o samba e o maracatu.
O caráter da festa é tão popular que se percebe nos sambas enredo expressões como "superação é nossa sina", sem falar de toda a cultura que o carnaval pode trazer: só esse ano vi desfilar em sambódromos as histórias da UNE, do Lula, de Jorge Amado, Romero Brito, Cacique de Ramos e tantas outras.
Que no carnaval o povo esquece do mundo, em parte concordo. Não podemos esquecer porém daqueles que vendem cerveja, churrasquinho, coisinhas brilhantes, espuma e tantas outras coisas nas ruas carnavalescas, daqueles que fazem do carnaval o período pra aumentar um pouquinho a renda familiar. Por que o povo brasileiro é guerreiro e batalha mais de 300 dias por ano e sendo assim tem todo o direito de esquecer os problemas durante os 4 dias de folia.
Quem diz que brasileiro só se preocupa com carnaval e esquece os problemas do país ta muito enganado. O povo reclama sim da educação, reclama da saúde, dos impostos, da falta de emprego. Reclama, mas reclama entre si, reclama baixinho por que não acredita que a sua voz possa ser escutada, por que desacreditou a política ou nunca aprendeu a acreditar nela, isso devido aos discursos que levam a crer que política é só roubalheira. A quem serve esses discursos?
Agora pergunto, a quem serve o discurso que li de vários "intelectuais de esquerda" e de alguns movimentos de que tem que acabar com o carnaval, que o carnaval aliena, que o carnaval isso e aquilo?? Carnaval é a festa do povo sim e movimento social que se preste tem que estar no meio!Os intelectuais e os movimentos tem que contribuir pra que a festa seja do povo e cada vez menos do capital. O que aliena não é o carnaval mas sim o discurso que é empurrado nos outros 360 dias do ano, a educação alienante que é dada. O que faz as bundas aparecerem a mais no carnaval não é a festa não, e sim a cultura machista fortemente cultivada nos outros dias do ano.
Colocar as culpas de tudo na festa popular é um discurso que serve a quem? Caros amigos intelectuais de esquerda (odeio esse termo mas é assim que se denominam) e camaradas de movimentos sociais, acho que temos atitudes a rever. O exemplo mais lindo do que a junção movimento social mais carnaval é capaz de fazer nos foi dado pela Imperatriz Dona Leopoldina em Porto Alegre: durante quase uma hora a RBS mostrou a história da UNE lindamente cantada em samba.
Avante colocar nosso bloco na rua!

Um comentário:

  1. Dany, gostei muito do seu blog, não conhecia!

    É muito verdadeiro que o povo reclama sim, mas reclama baixinho por estar desacreditado devido a todo o senso comum que infelizmente impera.

    Carnaval é uma festa muito valiosa, mas que infelizmente o capital depreda. Não acredito que devamos decretar fim ao Carnaval, mas sim repensá-lo e reinventá-lo, fora dos moldes capitalistas. Pra que isso aconteça de fato precisamos estar dentro para contribuir!

    Beijo!

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